quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Defesa Civil estima mais de 100 mortos

Até as 22h30 de ontem, 84 óbitos foram registrados e 36 pessoas estavam desaparecidas em Santa Catarina. Cerca de 60 mil moradores estão desalojados no Estado.
Agência Estado - 25/11/2008 - 22h4
População saqueia supermercado em Itajaí: Força Nacional de Segurança será deslocada para o Estado.

A Defesa Civil de Santa Catarina estima em mais de cem os mortos em decorrência das chuvas no Estado. Até as 22h30 de ontem, foram contabilizados 84 óbitos e 36 pessoas estavam desaparecidas. Vinte das vítimas fatais são de Blumenau. Pelo balanço oficial, cerca de 60 mil pessoas estão desalojadas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve seguir amanhã para as áreas atingidas.

Em 48 horas, sete municípios decretaram estado de calamidade pública: Blumenau, Ilhota, Gaspar, Rio dos Cedros, Nova Trento, Camboriú e Benedito Novo. Outros sete estão em situação de emergência: Balneário Piçarras, Canelinha, Indaial, Penha, Paulo Lopes, Presidente Getúlio e Rancho Queimado.

Na região do Vale do Rio Itajaí-Açu, a mais atingida, a chuva diminuiu e o nível dos rios parou de subir. O resgate das vítimas foi acelerado, contando com 15 helicópteros. Outros quatro estão em operação no município de Ilhota, onde pelo menos 15 pessoas morreram. O Morro do Baú foi a localidade mais atingida pelos deslizamentos de terra. Cerca de 80 casas foram destruídas.

Quatro rodovias federais e nove estaduais continuam interditadas. A situação mais crítica era a do km 235 da BR-101, no município de Palhoça, na Grande Florianópolis, cujas pistas devem ser liberadas apenas no sábado. A Polícia Rodoviária de Santa Catarina recomenda que as pessoas evitem pegar a estrada enquanto as chuvas não pararem.

Saques – Em Itajaí, houve registros de saques a casas e supermercados. A Polícia Militar do município registrou ontem quatro saques: três em pequenos estabelecimentos e outro em um supermercado de grande porte. Segundo o major da PM de Itajaí, Edinaldo Santos, os saques aconteceram por causa da situação crítica da cidade, uma das mais atingidas pelas fortes chuvas. De acordo com a Defesa Civil, há mais de 6 mil desabrigados em Itajaí.

Os locais saqueados estavam alagados e sem energia. Segundo o major, os policiais não conseguiram conter os saqueadores. "Era muita gente, não teve como segurar", disse. A PM afirmou que está efetuando monitoramentos constantes e recolhendo os produtos roubados na cidade.

Cerca de 50 agentes e cães farejadores da Força Nacional de Segurança Pública serão encaminhados esta semana para Santa Catarina. O anúncio foi feito ontem em Brasília pelo secretário nacional de Segurança, Ricardo Balestreri. Ele informou que o trabalho do batalhão especializado terá dois objetivos: busca de vítimas e garantia de segurança aos comerciantes.

IPT – O Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) está enviando para a região um grupo de pesquisadores especialistas em solo para colaborar com a Defesa Civil na avaliação e na prevenção de novos deslizamentos de terra. Com a diminuição da chuva, aumenta o risco de soterramentos, por causa da grande quantidade de água infiltrada no solo e nas encostas.

Um engenheiro da empresa que fornece energia para a região de Blumenau chegou a afirmar, enquanto trabalhadores tentavam erguer postes para o restabelecimento de energia em 50% da cidade, que o trabalho não evolui. "A terra não segura. Os postes não conseguem ficar de pé. É como se a gente estivesse fixando postes em gelatina", comentou.

Leptospirose – Outra grande preocupação refere-se à proliferação de doenças. Técnicos especializados na prevenção de várias doenças, incluindo leptospirose, estão sendo convocados de vários Estados. A Secretaria de Saúde de Santa Catarina também começou a trabalhar numa campanha de prevenção. Serão acionados helicópteros, cujos tripulantes usarão megafones, para atingir moradores de cidades que estão sem energia.

Em Blumenau, não se fala mais em Natal

Dois importantes representantes do comércio de Blumenau relataram ontem ao DC o caos em que a cidade está mergulhado. Além da trágica situação enfrentada pelos moradores que perderam ou tiveram de sair de suas casas, a economia local já está seriamente comprometida. Na cidade, por exemplo, não se fala mais em Natal, segundo o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Blumenau, Marcelino Campos. "A cidade já estava decorada para o Natal. E tudo isso rodou", afirmou o presidente da CDL.

Burti – Em São Paulo, o presidente da Confederação das Associações Comerciais do Brasil (CACB), Alencar Burti, que também preside a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e a Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), afirmou que todas essas entidades "estão solidárias com o povo catarinense e que farão, dentro de suas possibilidades, um movimento para ajudar as vítimas dessa grande tragédia".

Nenhum comentário: